Ontem tivemos uma bela jornada de abertura dos playoffs e uma que promete (mais) uns playoffs memoráveis. Pela amostra de ontem, a diversão e a emoção parecem garantidas. Mas antes de mergulharmos de cabeça na segunda fase da temporada, vamos às nossas escolhas para os prémios individuais da temporada regular:
MVP - LeBron James - 26.8 pts, 8 res, 7.3 ast, 1.7 rb, 31.6 PER
Aqui não há discussão e a única dúvida é se o jogador dos Heat será o primeiro jogador na história a ser eleito MVP por unanimidade. Nunca ninguém o conseguiu e se calhar LeBron não o vai conseguir (porque há sempre alguém que vota nalgum jogador que não lembra a ninguém), mas o prémio é dele sem qualquer dúvida. Parecia quase imnpossível, mas James teve uma temporada ainda melhor que no ano passado e acabou com máximos de carreira em percentagem de lançamento (56.5%), percentagem de triplos (40.6%), ressaltos e duplos-duplos. E conseguiu tudo isso lançando o mínimo de lançamentos da carreira (17.8/jogo). Foi a temporada mais eficiente da carreira de LeBron e estabeleceu um novo recorde da NBA de Rating de Eficiência, com 32.18. E, nos últimos 40 anos, sabem quantos jogadores tiveram números semelhantes a estes de Lebron? Dois. Larry Bird e Michael Jordan.

Co-Rookies do Ano - Damian Lillard (19 pts, 6.5 ast, 3.1 res, em 38.6 mins/jogo) e Anthony Davis (13.5 pts, 8.2 res, 1.8 dl, em 28.8 mins/jogo)
Aqui o vencedor não é tão indiscutível como parece (e como a meio da temporada parecia que ia ser). O base dos Blazers teve melhores números individuais nas categorias estatísticas clássicas, mas Anthony Davis, sem muita gente dar por isso, teve uma temporada mais eficaz e com melhores números nas estatísticas avançadas (e não ficou assim tão atrás nas estatísticas clássicas: 13.5 pts, 8.2 res, 1.8 dl). Lillard teve um PER de 16.4 e Davis, 21.7.
É difícil não premiar o que Lillard fez esta temporada, mas Davis merece também reconhecimento. Lillard jogou mais (mais jogos e mais minutos por jogo) e, por isso, teve uma contribuição total maior, mas Davis teve uma contribuição mais eficaz. E Davis contribui em áreas que não são tão visíveis como as de Lillard. O base dos Blazers, pela posição em que joga, tem mais vezes a bola nas mãos e contribui (e bem!) em pontos e assistências, enquanto o extremo-poste dos Hornets (ou Pelicans?) contribui com ressaltos, defesa e trabalho poucas vezes reconhecido nas áreas interiores. Por isso, por duas contribuições diferentes, mas igualmente importantes, damos o prémio a ambos.
Sexto Homem do Ano - JR Smith - 18.1 pts, 5.3 res, 2.7 ast, 1.3 rb
Não é, muitas vezes, o jogador mais eficaz e a sua selecção de lançamento é capaz de levar qualquer treinador ao desespero. Mas nenhum jogador saído do banco teve números tão bons e nenhum jogador saído do banco foi tão importante para a sua equipa como Smith. Foi em muitos jogos o melhor marcador e o melhor jogador da equipa. Como em épocas anteriores, entrou e contribuiu com muitos pontos, mas esta temporada contribuiu também nos ressaltos (5.3 é o seu máximo de carreira e um número bstante bom para um shooting guard) e na defesa. Há outros candidatos (Jarrett Jack, Jamal Crawford, Kevin Martin), mas todos ficam um pouco atrás de Smith.
Defensor do Ano - Marc Gasol - 7.8 res (5.5 res def), 1 rb, 1.8 dl, 98 Def Rtg
Em Janeiro, esta era uma corrida em aberto. Tinhamos um jogador na frente da corrida (Joakim Noah) e uma mão cheia de perseguidores (Marc Gasol, Tony Allen, LeBron James, Omer Asik, Serge Ibaka, Larry Sanders). Na altura, Noah levava vantagem, pois nenhum jogador fazia tanta diferença na defesa da sua equipa (os Bulls sofriam mais 10 pontos em cada 100 poses de bola quando o francês estava no banco). Mas Noah perdeu uma grande parte da segunda metade da temporada e perdeu terreno na corrida. E a corrida ficou completamente em aberto.
Porque é sempre mais difícil medir objectivamente as contribuições defensivas de um jogador (pois, para além dos ressaltos defensivos, dos desarmes de lançamento e do roubos de bola, há muitas contribuições que não aparecem na estatística: ajudas, fechos das linhas de passe, penetrações paradas, lançamentos alterados, etc; e o que é mais importante e/ou difícil? Defesa do perímetro ou do interior? Parar os penetradores no cesto ou impedi-los de penetrar? Ajudar ou defender 1x1?) e este é um dos prémios menos objectivos. Mas a época de Marc Gasol reúne todos os ingredientes para ganhar o prémio: muito bom na defesa 1x1, muito bom nas ajudas e a fechar o meio do campo, bom nos ressaltos e a garantir a posse de bola na tabela defensiva. O mano Gasol mais novo não é o melhor em nenhuma das categorias estatísticas, mas é o que combina melhor todas elas. Não é especialista só numa característica defensiva e faz de tudo um pouco na defesa. E faz bem.
Podemos argumentar que tem mais ajuda que alguns dos outros candidatos, mas o pilar da melhor defesa do ano e o melhor defensor da melhor defesa do ano merece este prémio.
Most Improved do Ano - Larry Sanders - 3.6 pts, 3.1 res, 1.5 dl em 20111-12 / 9.8 pts, 9.5 res, 2.8 dl em 2012-13
Esta é outra das categorias menos objectivas (provavelmente a mais subjectiva de todas) e onde há sempre muitos candidatos, dependendo de como se olhe para o prémio (para um jogador desconhecido que faz uma temporada de contos de fadas, para um jovem que tem um ano de explosão, para um jogador já consagrado, mas que continua a melhorar o seu jogo, etc).
Mas há um ano, a maioria dos fãs da NBA nem sabia quem era Larry Sanders. E passar do quase anonimato para candidato a defensor do ano e favorito de muitos fãs, diz muito da temporada do poste dos Bucks. Depois de duas temporadas passadas no banco dos Bucks, Sanders explodiu esta temporada para quase o triplo das suas médias anteriores. Como ele próprio já admitiu, demorou tempo a adaptar-se ao ritmo da NBA e a perceber como defender neste nível (perceber o que podia ou não fazer na defesa e nos contactos). Mas quando percebeu, tornou-se um dos melhores defensores interiores da liga.
Uma palavra de apreço para Omer Asik, Paul George, Greivis Vasquez e Jrue Holiday pelo salto que deram esta temporada, mas, para nós, o prémio vai para Sanders.
Treinador do Ano - George Karl
Gregg Popovich é um candidato vitalício ao prémio, Tom Thibodeau continua a fazer milagres com uma equipa dos Bulls dizimada por lesões e Erik Spoelstra fez um trabalho notável a gerir os egos da equipa e conseguir encaixar tantas estrelas numa equipa, mas o que George Karl fez com esta equipa dos Nuggets é verdadeiramente fenomenal.
Karl montou um sistema perfeito para as peças que tem e desenhou um estilo de jogo que maximiza os jogadores que tem à disposição. Numa liga de super-estrelas, Karl levou uma equipa sem uma a 57 vitórias na temporada e ao topo da conferência e este é um prémio mais que merecido.